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RAFAEL BAN JACOBSEN
( Brasil – RIO GRANDE DO SUL )
Rafael Bán Jacobsen nascido em 21 de maio de 1981, é bacharel em Física pela UFRGS, músico, poeta, pianista e escritor. Publicou, pela Alcance, o livro Tempos e costumes, em 1997. Vencedor do Prêmio Açorianos.
Pertence à Casa do Poeta Rio-Grandense e Grêmio Castro Alves. Publicou em 2005, o romance Solemar – 1º. romance gótico editado no RS, Prêmio Açoriano de Literatura.
É (em 2010) mestrando em Física Nuclear.
BERNY, Rossyr, org. Poetas pela Paz e Justiça Social. Coletânea Literária. Vol. II. Porto Alegre: Alcance, 2010. 208 p. ISBN 978-85-7592-098-5
Ex. biblioteca de Antonio Miranda – doação do amigo (livreiro) Brito – DF. No. 10 249
Importante: existem mais poemas do que os apresentamos aqui, neste livro tão bem apresentado, vale a pena conferir...
Exemplar da biblioteca de ANTONIO MIRANDA.
Planeta das trevas
Obscuro corpo sidéreo,
Vaga na negra imensidão
Do universo sem fim,
Chamando em vão.
Terra calcinada,
Por rios de sangue coartada,
Morta pelo homem,
Surge no fim do nada.
Clarins ao longe,
Fizeram-se ouvir.
Anjos flamejantes,
Anunciando:
A terra agonizava.
O criador, que tudo
Ordenara dentre
Infinitos planetas,
Aquele escolhera
Sopro do Senhor
Que a vida fez brotar.
O homem surgiu
Herdeiro da vida obra, que
Durante séculos fez nascer e
Ruir impérios, usando a natureza.
Ambicionava, acreditando-a
Inesgotável.
Nos primórdios,
O homem temia o brado
Do trovão, o mar enfurecido,
O vento assoviando.
A natureza logo dominou.
Gerando exaustão
Temendo, agora,
A fragilidade do
Planeta antes abençoado
A água tornou-se turva
E o ar, venenoso.
A terra em brusca curva
Apresentou destino tenebroso.
Com últimas forças
Povos em união
Acudiram a grande Mãe,
Procurando salvação.
Espíritos malignos arrebataram
Do Homem sua razão
Enlouquecendo-o, então
Em supremo esforços,
Clamaram pelos céus.
Que rugiram, lançando
Setas reluzentes
Ao Homem espantado.
Surgiu dentre as nuvens,
Em dourada biga, o Senhor,
Supremo Criador.
Vestia alva túnica,
Por camafeus ornada.
Cabelos revoltos,
Brancos como neve.
Olhar esfogueado,
Assustava toda plebe!
Voz, tal qual trovão,
Rompeu o silêncio sepulcral.
Palavras aterradoras
Ditas em tom espectral.
“Anuncio dirá suprema
Pelos anos da civilização,
Por mim criada,
Em sopro de inspiração.
Minha prole,
Com agudo punhal,
Feriu-me sem dó.
Pecado mortal!
Minh´alma,
A lâmina não perfurou.
Mas, sim,
A natureza destroçou.
A natureza, a Vós.
Tudo fornecia.
Povos, cegos de ambição,
Lutaram por supremacia,
Poluição geraram,
Águas desapareceram,
E matas em cinzas, morreram.
Não vos impedi,
De vossa ganância
Pude ver as dimensões.
De toda alma me arrependi,
De vos ter concebido, dentro da natureza.
O céu, agora cinza,
Um dia foi turquesas.
Grande obra, por mim realizada,
Com todo amor:
Para ver, hoje, arruinada,
Queimando no ardor.
Das trevas infinitas,
Fazendo da vida
Arte proibida,
Não chorai agora.
Olhai ao vosso redor,
No momento em que
O verde luzia,
Sua morte, o povo não previa.
Ecologia vos alertou,
Tardiamente, poucos tentaram alcançá-la.
A maioria nem se preocupou,
Ignorou.
Com o ruído da indústria
Trabalhando;
O estrondo das árvores
Tombando; o ecológico brado
Foi abafado. Vossas máquinas
Lutaram contra a vida!
Vencendo, sois perdedores.
Matastes, vos abandono.
Saber ignorado, agora, é louvado.
Tarde demais. Preparastes,
Vossa própria mortalha
Tende de nela deitar.
Vossas lágrimas não regarão
O solo seco, agora, estéril.
Pensais que sou só ira?
A vida, pedaço de minh´alma,
Minha maior criação, acabou!
Meus filhos, a sua destruição, gerou!
Pranto e oração nada reviverão.
Sou o Alfa e o Ômega
O Princípio e o Fim.
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